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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Doutrina: Fé e segurança, segundo João Calvino.




Texto: Atos 2.39; 1ª Coríntios 2.6-16.
Assunto: Fé e segurança.
Objetivo: Esclarecer a ligação entre fé e segurança na vida cotidiana do crente. Salientar corretos conceitos sobre fé e segurança que complementam o crescimento dos salvos em Cristo Jesus.

Introdução
Tratar sobre fé e segurança não é apenas tratar sobre segurança da salvação no salvo, é tratar especificamente sobre a consciência do salvo em suas lutas e fraquezas diárias.

Natureza e definição de fé.
O que é fé?
Para Calvino a fé não era uma concordância com a Palavra de Deus, mas envolvia o conhecimento e confiança nesta verdade divina. Pois o conhecimento e a confiança são dimensões salvíficas da vida e da fé em vez de serem apenas questões lógicas da vida cristã. Ou seja, para Calvino, a fé não é conhecimento histórico somado à concordância salvadora, mas um conhecimento seguro e salvador acrescido de uma confiança salvadora e segura. Salientando que o conhecimento é fundamental para a fé. Esse conhecimento, segundo o reformador,  repousa sobre a Palavra de Deus, a qual é essencialmente a Sagrada Escritura, assim como a proclamação do evangelho.

A fé em relação à segurança.
A fé se origina na Palavra de Deus. A fé repousa firme sobre a Palavra de Deus, assim, a segurança deve ser buscada na Palavra e flui da Palavra. A segurança é inseparável da Palavra assim como o raio de sol é inseparável do sol. A fé recebe toda a Palavra de Deus. A fé sempre diz ‘amém’ às Escrituras.  

A fé em relação a Cristo.
A fé é também inseparável de Cristo e da promessa de Cristo, pois a totalidade da Palavra escrita é a Palavra viva, Jesus Cristo, em quem todas as promessas têm ‘o sim e o amém’. A fé repousa sobre o conhecimento da Escritura e sobre as promessas dirigidas a Cristo e centradas nele. A fé recebe Cristo como ele é apresentado no evangelho e graciosamente oferecido pelo Pai.

A fé em relação às promessas da Escritura.
O conhecimento da verdadeira fé focaliza as Escrituras em geral, e, em particular, a promessa da graça de Deus. Calvino confere bastante importância às promessas de Deus como base da segurança, pois são promessas do Deus que não pode mentir. Uma vez que Deus promete misericórdia aos pecadores em sua miséria, a fé se apóia em tal promessa. As promessas se focalizam em Cristo e nele são cumpridas; Pois as promessas são seguras porque são estabelecidas em Cristo.

A essência da fé.
Uma vez que a fé recebe seu caráter da promessa sobre a qual repousa, ela (fé) assume o selo da infalibilidade da Palavra de Deus. Assim, a fé possui a segurança de sua própria natureza. Segurança, certeza e confiança, tal é a essência da fé.

Fé asseguradora.
Essa fé asseguradora é o dom do Espírito ao eleito. O Espírito persuade o pecador eleito da confiabilidade das promessas de Deus em Cristo e garante-lhe a fé com que abraça a Palavra. Portanto, a fé asseguradora, segundo Calvino, precisa envolver o conhecimento salvífico, as Escrituras, Jesus Cristo, as promessas de Deus, a obra do Espírito Santo e a eleição. Resumindo, o próprio Deus é a segurança do eleito. Conseqüentemente, ‘poderemos ter uma noção correta de fé, se a chamarmos de conhecimento firme e certo da benevolência de Deus quando a nós, fundada na verdade da promessa livremente concedida em Cristo, ambas reveladas à nossa mente e selada no nosso coração pelo Espírito Santo’.
Portanto, a fé é a certeza da promessa de Deus em Cristo, aplicada pelo Espírito. Isso envolve o homem no uso da mente, na aplicação ao coração e na rendição da vontade. A segurança pertence à essência da fé.

A segurança da essência da fé.
(Atos 2.39; 1ª Coríntios 2.6-16).

Fé é segurança pessoal.
A fé envolve algo mais do que crer na promessa de Deus. Envolve uma segurança pessoal. Crendo na promessa de Deus aos pecadores, o verdadeiro crente reconhece e celebra que Deus é gracioso e benevolente, particularmente para com ele mesmo. A fé é um conhecimento seguro ‘da benevolência de Deus em relação a nós… revelada à nossa mente... Selada em nosso coração’. A fé abraça pessoalmente a promessa do evangelho e não pode ser separada de uma segurança pessoal. Como Calvino escreveu: ‘Aqui, na verdade, está a dobradiça na qual gira a fé: que não consideremos as promessas de misericórdia que Deus oferece como verdadeiras somente fora de nós; … mas sim, que as tornamos nossas quando as abraçamos interiormente’.  

Segurança é parte complementar da fé.
Calvino comentando Atos 2.39 observou o seguinte: ‘É necessariamente preciso, para a certeza da fé, que cada um seja persuadido de que está incluído no número daqueles sobre os quais Deus falou. Esta é a regra da verdadeira fé, quando estou persuadido de que tenho essa salvação porque a promessa que me pertence essa salvação’.

Comentando sobre 1ª Coríntios 2.12 ele afirmou: ‘Os eleitos têm o Espírito que lhes foi concedido, e, pelo testemunho são assegurados de que foram adotados para a esperança da salvação eterna… Portanto, podemos conhecer a natureza da fé desta forma: que a consciência tem, da parte do Espírito, um testemunho seguro da boa vontade de Deus em relação a si mesma, para que, descansando sobre isso, não hesite em invocar a Deus como Pai… A palavra conhecer é usada para expressar mais plenamente a segurança da confiança… de que, sendo reconciliados com Deus, e tendo obtido a remissão dos pecados, saibamos que fomos adotados para a esperança da vida eterna, e que, sendo santificados pelo Espírito Santo da regeneração, somos feitos novas criaturas para que vivamos para Deus’.

Aquele que crer, mais não tem convicção de que é salvo por Deus em Cristo, esse não é um crente verdadeiro. Pois os verdadeiros crentes devem saber, e sabem de fato, que são crentes, ‘… e que ninguém pode ser chamado filho de Deus se não se conhecer interiormente como tal... ’.
Essa tão grande segurança, que ousa triunfar sobre o diabo, a morte, o pecado, e sobre as portas do inferno, deve se alojar no profundo do coração de todo piedoso; pois a fé é nada, exceto se nos sentirmos seguros de que Cristo é nosso, e de que o Pai é, nele, propício a nós.

Conclusão
A fé possui sua originalidade em Deus, pois ele é antes um dom divino entregue, exclusivamente, aos eleitos do Senhor. Pois a segurança dos que possuem esta fé repousam na Escritura, que focalizam as promessas seguras e estabelecidas por Cristo a nós. Onde a segurança é parte complementar desta fé dada aos santos regenerados, verdadeiros crentes, vinculados pela obra de Cristo. Pois a segurança é parte complementar da fé.

Debate:
01 – Que tipo de conhecimento a fé nos concede?
02 – A eleição nos traz segurança; segurança de quê?
03 – _____________________________________ ?

Próximo culto de doutrina dia 20 de março, será tratado sobre: Fé e experiência.

Congregação presbiterial em Santa Cruz do Capibaribe, PE. 13 de março de 2014.
Rev. José Tiago Xavier Costa
Culto de oração e doutrina.

Fonte: A busca da plena segurança. O legado de Calvino e seus sucessores; Autor: BEEKE, Joel. Editora: Os puritanos; pp. 61-66.

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