Texto: Atos
2.39; 1ª Coríntios 2.6-16.
Assunto: Fé e segurança.
Objetivo:
Esclarecer a ligação entre fé e segurança na vida cotidiana do crente.
Salientar corretos conceitos sobre fé e segurança que complementam o
crescimento dos salvos em Cristo Jesus.
Introdução
Tratar
sobre fé e segurança não é apenas tratar sobre segurança da salvação no salvo,
é tratar especificamente sobre a consciência do salvo em suas lutas e fraquezas
diárias.
Natureza e definição de fé.
O que é fé?
Para
Calvino a fé não era uma concordância com a Palavra de Deus, mas envolvia o
conhecimento e confiança nesta verdade divina. Pois o conhecimento e a
confiança são dimensões salvíficas da vida e da fé em vez de serem apenas
questões lógicas da vida cristã. Ou seja, para Calvino, a fé não é conhecimento
histórico somado à concordância salvadora, mas um conhecimento seguro e
salvador acrescido de uma confiança salvadora e segura. Salientando que o
conhecimento é fundamental para a fé. Esse conhecimento, segundo o reformador, repousa sobre a Palavra de Deus, a qual é
essencialmente a Sagrada Escritura, assim como a proclamação do evangelho.
A fé em relação à segurança.
A fé se
origina na Palavra de Deus. A fé repousa firme sobre a Palavra de Deus, assim,
a segurança deve ser buscada na Palavra e flui da Palavra. A segurança é inseparável da Palavra assim como o raio
de sol é inseparável do sol. A fé recebe toda a Palavra de Deus. A fé sempre
diz ‘amém’ às Escrituras.
A fé em relação a Cristo.
A fé é
também inseparável de Cristo e da promessa de Cristo, pois a totalidade da
Palavra escrita é a Palavra viva, Jesus Cristo, em quem todas as promessas têm
‘o sim e o amém’. A fé repousa sobre o conhecimento da Escritura e sobre as
promessas dirigidas a Cristo e centradas nele. A fé recebe Cristo como ele é
apresentado no evangelho e graciosamente oferecido pelo Pai.
A fé em relação às promessas da Escritura.
O conhecimento
da verdadeira fé focaliza as Escrituras em geral, e, em particular, a promessa
da graça de Deus. Calvino confere bastante importância às promessas de Deus
como base da segurança, pois são promessas do Deus que não pode mentir. Uma vez
que Deus promete misericórdia aos pecadores em sua miséria, a fé se apóia em
tal promessa. As promessas se focalizam em Cristo e nele são cumpridas; Pois as
promessas são seguras porque são estabelecidas em Cristo.
A essência da fé.
Uma vez
que a fé recebe seu caráter da promessa sobre a qual repousa, ela (fé) assume o
selo da infalibilidade da Palavra de Deus. Assim, a fé possui a segurança de
sua própria natureza. Segurança, certeza e confiança, tal é a essência da fé.
Fé asseguradora.
Essa fé
asseguradora é o dom do Espírito ao
eleito. O Espírito persuade o pecador eleito da confiabilidade das
promessas de Deus em Cristo e garante-lhe a fé com que abraça a Palavra. Portanto,
a fé asseguradora, segundo Calvino, precisa envolver o conhecimento salvífico,
as Escrituras, Jesus Cristo, as promessas de Deus, a obra do Espírito Santo e a
eleição. Resumindo, o próprio Deus é a segurança do eleito. Conseqüentemente, ‘poderemos ter uma noção correta de fé, se a
chamarmos de conhecimento firme e certo da benevolência de Deus quando a nós,
fundada na verdade da promessa livremente concedida em Cristo, ambas reveladas
à nossa mente e selada no nosso coração pelo Espírito Santo’.
Portanto,
a fé é a certeza da promessa de Deus em Cristo, aplicada pelo Espírito. Isso
envolve o homem no uso da mente, na aplicação ao coração e na rendição da
vontade. A segurança pertence à essência da fé.
A segurança da essência da
fé.
(Atos 2.39; 1ª Coríntios 2.6-16).
Fé
é segurança pessoal.
A fé
envolve algo mais do que crer na promessa de Deus. Envolve uma segurança
pessoal. Crendo na promessa de Deus aos pecadores, o verdadeiro crente
reconhece e celebra que Deus é gracioso e benevolente, particularmente para com
ele mesmo. A fé é um conhecimento seguro ‘da benevolência de Deus em relação a nós… revelada à nossa mente... Selada em
nosso coração’. A fé abraça pessoalmente a promessa do evangelho e não pode ser
separada de uma segurança pessoal. Como Calvino escreveu: ‘Aqui, na verdade, está a dobradiça na qual gira a fé: que não
consideremos as promessas de misericórdia que Deus oferece como verdadeiras
somente fora de nós; … mas sim, que as tornamos nossas quando as abraçamos
interiormente’.
Segurança é parte complementar da fé.
Calvino
comentando Atos 2.39 observou o seguinte: ‘É
necessariamente preciso, para a certeza da fé, que cada um seja persuadido de
que está incluído no número daqueles sobre os quais Deus falou. Esta é a regra
da verdadeira fé, quando estou persuadido de que tenho essa salvação porque a
promessa que me pertence essa salvação’.
Comentando
sobre 1ª Coríntios 2.12 ele afirmou: ‘Os
eleitos têm o Espírito que lhes foi concedido, e, pelo testemunho são
assegurados de que foram adotados para a esperança da salvação eterna…
Portanto, podemos conhecer a natureza da fé desta forma: que a consciência tem,
da parte do Espírito, um testemunho seguro da boa vontade de Deus em relação a
si mesma, para que, descansando sobre isso, não hesite em invocar a Deus como
Pai… A palavra conhecer é usada para expressar mais plenamente a segurança da
confiança… de que, sendo reconciliados com Deus, e tendo obtido a remissão dos
pecados, saibamos que fomos adotados para a esperança da vida eterna, e que,
sendo santificados pelo Espírito Santo da regeneração, somos feitos novas
criaturas para que vivamos para Deus’.
Aquele
que crer, mais não tem convicção de que é salvo por Deus em Cristo, esse não é
um crente verdadeiro. Pois os verdadeiros crentes devem saber, e sabem de fato,
que são crentes, ‘… e que ninguém pode ser chamado filho de Deus se não se
conhecer interiormente como tal... ’.
Essa tão
grande segurança, que ousa triunfar sobre o diabo, a morte, o pecado, e sobre
as portas do inferno, deve se alojar no profundo do coração de todo piedoso;
pois a fé é nada, exceto se nos sentirmos seguros de que Cristo é nosso, e de
que o Pai é, nele, propício a nós.
Conclusão
A fé
possui sua originalidade em Deus, pois ele é antes um dom divino entregue,
exclusivamente, aos eleitos do Senhor. Pois a segurança dos que possuem esta fé
repousam na Escritura, que focalizam as promessas seguras e estabelecidas por
Cristo a nós. Onde a segurança é parte complementar desta fé dada aos santos
regenerados, verdadeiros crentes, vinculados pela obra de Cristo. Pois a
segurança é parte complementar da fé.
Debate:
01 – Que
tipo de conhecimento a fé nos concede?
02 – A
eleição nos traz segurança; segurança de quê?
03 – _____________________________________
?
Próximo culto
de doutrina dia 20 de março, será tratado sobre: Fé e experiência.
Congregação presbiterial em Santa Cruz do Capibaribe,
PE. 13 de março de 2014.
Rev. José Tiago Xavier Costa
Culto de oração e doutrina.
Fonte: A busca da plena segurança. O
legado de Calvino e seus sucessores; Autor: BEEKE, Joel. Editora: Os puritanos;
pp. 61-66.

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